sábado, 30 de abril de 2011

A Gata Metamorfoseada em Mulher



 Uma gata mimosa, bela e delicada, era, para seu dono, a coisa mais amada que havia neste mundo.

E o homem, desvairado e inconseqüente, amava perdidamente essa gata além dos limites do que é normal. Um dia ergueu os braços ao céu e, em prece, implorando aos deuses auxílio, fez promessas, orações e magias. Tanto fez até que conseguiu dos deuses que aquele felino se transformasse em mulher: uma dama lindíssima, uma bela mulher, como convinha a todo homem.

Cego de amor casou-se com ela. Homem apaixonado, marido carinhoso, ele a adulava, embevecido pela beleza daquela, cuja origem felina ele havia esquecido completamente. Para o homem, ela era uma mulher igual a todas as outras.

Numa noite, porém, alguns camundongos entraram no quarto conjugal. A mulher sentiu a presença deles e, seguindo seus instintos de gata, começou a caçá-los. Arqueada e ofegante, ela se atirou sobre os ratos, que escapam por um triz.

Ela não conseguiu da primeira vez, mas, na noite seguinte, com os sentidos mais aguçados pela experiência da véspera, assim que os camundongos apareceram, saltou do leito e, em posição felina, arremessou-se sobre eles e os apanhou.

Depois de conservar por muito tempo um licor, o vaso continua a guardar seu odor. Não perde o pano a antiga dobra, por mais que se tente esticá-lo: passado um tempo, ele recobra.

O natural não sofre abalo quando escondido. Só descansa. Subitamente, entra na dança, e não há como refreá-lo, nem a bastão, espada ou lança.
Fecha-se a porta com tramela, e ei-lo que sai pela janela.
(La Fontaine e o Comportamento Humano)

Paixões

Citros, almíscar, baunilha, notas florais e branco do jasmie lírio do vale.

Tathy é uma fragrância fresca e versátil. Apresenta agradável predominância de notas de lavanda, combinadas a toques de eucalipto, gerânio e musk. É a fragrância perfeita para ser usada em todas as ocasiões. Uma verdadeira paixão, que corresponde à alegria da marca O Boticário.


Nunca Desanime

Virtudes Crística .



Os grandes mensageiros de Deus no mundo não fundaram religiões.

Jesus se refere à sua mensagem, cuja essência é “O amor ao próximo como a si mesmo buscando cultivar as virtudes crísticas de forma verdadeira e incondicional refletindo diretamente o amor do próprio Criador.” (UC)

Comparem, que interessante:

“Bem-aventurados os que temem magoar outrem por pensamento, palavras e obras” (Sufismo)

“A natureza só é amiga quando não fazemos aos outros nada que não seja bom para nós mesmos.” (Zoroastro)

“Na felicidade e na infelicidade, na alegria e na dor, precisamos olhar todas as criaturas assim como olhamos a nós mesmos.” (Mahavira)

“Julga aos outros como a ti julgas. Então participarás dos céus.” (Sikhismo)

“Ninguém pode ser crente até que ame seu irmão como a si mesmo.” (Maomé)

“De cinco maneiras um verdadeiro líder deve tratar seus amigos e dependentes: com generosidade, cortesia, benevolência, dando o que deles espera receber e sendo tão fiel quanto sua própria palavra.” (Buddha)

“Não faças aos outros aquilo que não queres que eles te façam”. (Confúcio)
“Considera o lucro de teu vizinho como o teu próprio e seu prejuízo como se também fosse teu.” (Lao-Tsé)

“Não faças ao teu semelhante aquilo que para ti mesmo é doloroso.” (Lei Judaica)

“Não faças aos outros aquilo que, se a ti fosse feito, causar-te-ia dor.” (Hinduísmo)

E, finalmente:
“Tudo quanto quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles.” (Jesus)

 Elas nos mostram como são semelhantes as religiões.

A Senhora dos Livros



A minha família e eu vivemos num sítio muito alto, pertinho do céu.

A nossa casa fica situada num local tão alto que quase nunca vemos ninguém,
a não ser falcões a planar e animais a esconder-se por entre as árvores.

Chamo-me Cal e não sou nem o mais velho nem o mais novo dos irmãos. Mas, como sou o rapaz mais velho, ajudo o meu pai a lavrar e a ir buscar as ovelhas quando, às vezes, elas se escapam. Também me acontece trazer a vaca para casa ao pôr-do-sol, e ainda bem que o faço. É que a minha irmã Lark passa o dia todo a ler.

O meu pai diz sempre que nunca se viu uma rapariga tão super-leitora... Cá comigo não é assim. Não nasci para ficar sentado e quieto a olhar para quatro garatujas. E não acho graça nenhuma a que a Lark se arme em professora, porque a única escola que existe fica a quilómetros daqui e ela dificilmente lá chegará. Por isso é que ela quer ensinar-nos. Só que, a mim, a escola não me interessa!

Sou sempre o primeiro a ouvir o ruído dos cascos e a ver a égua alazã da cor do barro. Sou o primeiro a dar-se conta de que o ginete não é um homem, mas uma senhora com calças de montar e cabeça bem erguida. É claro que recebemos a forasteira de braços abertos, porque pessoa mais simpática não há. Depois de tomar chá, põe os alforges em cima da mesa e até parece ouro o que tira de lá de dentro. Os olhos da Lark põem-se a brilhar como moedas e a minha irmã não consegue ter as mãos quietas, como se quisesse apropriar-se de um tesouro.

Na realidade, o que a senhora traz não é tesouro nenhum, pelo menos a meu ver. São livros! Um monte de livros que ela, sozinha, carregou pela encosta acima. Um dia inteiro a cavalo para nada! É o que eu digo! Porque, se ela os quisesse vender, como faz o caldeireiro, que anda por aí com panelas, sertãs e outras coisas, veria logo que nós nem um centavo sequer temos para gastar. Muito menos em livros velhos e inúteis!

O meu pai põe-se a fitar a Lark e pigarreia. Então propõe à Senhora dos livros:

— Fazemos um contrato. Em troca de um livro dou-lhe uma saca de framboesas.

Aperto bem as mãos atrás das costas. Quero falar, mas não me atrevo. As framboesas, fui eu que as apanhei… Para fazer uma tarte, não para trocar por um livro! Quando vejo a senhora recusar, até pasmo. Não aceita uma saca de framboesas, nem um molho de legumes, nem nada do que o meu pai, em troca, lhe quer oferecer. Os livros não custam dinheiro; são de graça, como o ar. Ainda por cima, dentro de quinze dias, voltará para os trocar por outros! Cá para mim, tanto se me dá que a Senhora traga livros ou que não encontre o caminho até nossa casa. O que me espanta é que, mesmo que chova a cântaros, haja neve ou faça frio, ela volte sempre!

Certo dia de manhã, a terra acordou mais branca do que a barba do nosso avô. O vento uivava como lince em plena escuridão e apertamo-nos todos diante da lareira, pois, num dia desses, ninguém faz nada. Com um tempo assim, até os animaizinhos da floresta se deixam ficar bem aconchegados. De repente, ouviram-se umas pancadinhas na janela. Era a Senhora dos livros, abrigada até à ponta dos cabelos! Fez a troca através da porta entreaberta, para não apanharmos frio. E quando o meu pai lhe pediu que dormisse em nossa casa, não se deixou convencer:
— A égua leva-me embora — respondeu.
Fiquei de boca aberta a vê-la afastar-se. Pensei que era uma pessoa muito corajosa e tive vontade de saber por que é que a Senhora dos livros se arriscava a apanhar uma constipação ou coisa bem pior. Escolhi um livro com letras e desenhos e pedi à minha irmã Lark:
— Ensina-me o que está aqui, por favor.

A minha irmã não se riu nem troçou de mim. Arranjou um lugar aconchegado e, em voz baixa, pôs-se a ler. O meu pai costuma dizer que nos sinais da natureza está escrito se o Inverno vai durar muito ou pouco. Este ano, todos os sinais anunciaram neve bem abundante e um frio tremendo. Mas, embora todos os dias ficássemos em casa apertados como sardinhas em lata, não me importei nada. Pela primeira vez. Só quase na Primavera é que a Senhora dos livros pôde voltar a visitar-nos. A minha mãe ofereceu-lhe um presente, a única coisa de valor que lhe podia dar: a sua receita de tarte de framboesa, a melhor do mundo.
— Não é muito, bem sei, para o grande esforço que faz — disse a minha mãe.
Em seguida, baixou a voz e acrescentou com orgulho:
— E por ter conseguido arranjar dois leitores onde apenas havia um!
Baixei a cabeça e esperei pelo fim da visita para comentar:
— Também gostaria de ter alguma coisa para lhe oferecer.
A Senhora dos livros virou-se e fitou-me com os seus grandes olhos negros:
— Vem cá, Cal — disse, com muita doçura.
Quando me aproximei dela, pediu:
— Lê-me alguma coisa.

Abri o livro que tinha entre mãos, mesmo acabadinho de chegar. Dantes, eu pensava que eram quatro garatujas, mas agora já sei ver o que contém. E li um pouco em voz alta.
— Isto é que é a minha prenda! — disse a Senhora dos livros.

Nota da autora
Este livro é inspirado numa história real, e relata o trabalho incansável das bibliotecárias a cavalo, conhecidas como «as Senhoras dos livros» entre os Apaches do Kentucky.

O Projecto da Biblioteca a Cavalo foi criado nos anos trinta do século XX, no contexto do New Deal do Presidente Franklin D. Roosevelt, com a finalidade de levar os livros às zonas isoladas onde havia poucas escolas e nenhuma biblioteca. No alto das montanhas do Kentucky, os caminhos eram amiúde simples leitos de riachos ou carreiros acidentados. De cavalo ou de mula, as bibliotecárias percorriam a mesma rota árdua, cada duas semanas, carregadas de livros, independentemente de fazer bom ou mau tempo. Para demonstrar a sua gratidão por algo que não custava dinheiro, “como o ar”, as famílias podiam dar-lhes algo do pouco que possuíam: legumes das suas hortas, flores ou frutos silvestres, ou até apreciadas receitas transmitidas de geração em geração.

Embora também houvesse alguns homens na Biblioteca a Cavalo, geralmente eram as mulheres que o faziam, numa época em que a maioria das pessoas achava que o lugar da mulher era em casa. As bibliotecárias a cavalo revelavam uma resistência e uma entrega extraordinárias. Ganhavam muito pouco, mas sentiam-se orgulhosas do seu trabalho: levar o mundo exterior ao povo apache e, em muitas ocasiões, converter num leitor quem antes nunca tinha achado nenhuma utilidade em “quatro garatujas”.

No Kentucky, os leitos dos riachos e os carreiros acabaram por se transformar em estradas. Os cavalos e as mulas deram lugar a carros-biblioteca, que são as bibliotecas ambulantes nos dias de hoje. Dedicados à sua tarefa, bibliotecárias e bibliotecários continuam a levar livros a quem deles necessita…
Heather Henson

"Vida Nenhuma Prospera se Estiver Pesada e Intoxicada".




"-Bom dia, como está a alegria"? Diz D. Francisca, minha faxineira rezadeira, que acaba de chegar.
"-Antes de dar uma benzida na casa, deixa eu te dar um abraço que preste!" e ela me apertou.

Na matemática de D. Francisca, "quatro abraços por dia dão para sobreviver; oito ajudam a nos manter vivos; 12 fazem a vida prosperar".

Falando nisso, "vida nenhuma prospera se estiver pesada e intoxicada". Já ouviu falar em toxinas da casa?

Pois são:
- objetos que você não usa,
- roupas que você não gosta ou não usa há um ano,
- coisas feias,
- coisas quebradas, lascadas ou rachadas,
- velhas cartas, bilhetes,
- plantas mortas ou doentes,
- recibos/jornais/revistas, antigos,
- remédios vencidos,
- meias velhas, furadas,
- sapatos estragados...

Ufa, que peso! "O que está fora está dentro e isso afeta a saúde", aprendi com D. Francisca. "Saúde é o que interessa.
O resto não tem pressa!", ela diz, enquanto me ajuda a 'destralhar' ou liberar as tralhas da casa...

O 'destralhamento' é a forma mais rápidas de transformar a vida e ajuda as outras eventuais terapias.
Com o destralhamento a saúde melhora, a criatividade cresce,os relacionamentos se aprimoram...

É comum se sentir cansado, deprimido, desanimado, em um ambiente cheio de entulho, pois "existem
fios invisíveis que nos ligam à tudo aquilo que possuímos".

Outros possíveis efeitos do "acúmulo e da bagunça":
- sentir-se desorganizado;
- fracassado;
- limitado;
- aumento de peso;
- apegado ao passado...

No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecarga. Na entrada, restringem o fluxo da vida. Empilhadas no chão,
nos puxam para baixo. Acima de nós, são dores de cabeça.
"Sob a cama, poluem o sono".
"Oito horas, para trabalhar; Oito horas, para descansar; Oito horas, para se cuidar."

Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:
- Por que estou guardando isso?
- Será que tem a ver comigo hoje?
- O que vou sentir ao liberar isto?

...e vá fazendo pilhas separadas...
- Para doar!
- Para jogar fora!

Para destralhar mais:
- livre-se de barulhos,
- das luzes fortes,
- das cores berrantes,
- dos odores químicos,
- dos revestimentos sintéticos...

e também...
- libere mágoas,
- pare de fumar,
- diminua o uso da carne,
- termine projetos inacabados.

"Se deixas sair o que está em ti, o que deixas sair te salvará.. Se não deixas sair o que está em ti,
o que não deixas sair te destruirá", evangelho de Tomé.

"Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser impermanente", diz a
sabedoria oriental. O Ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado instante presente.

Dona Francisca me conta que "as frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tempo".
A gente deveria de ser assim, ela diz: "Destralhar ajuda a adocicar."

Se os sábios concordam, quem sou eu para discordar...
“Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar ”

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O poder da gentileza




Eminente professor negro, interessado em fundar uma escola num bairro pobre, onde centenas de crianças desamparadas cresciam sem o benefício das letras, foi recebido pelo prefeito da cidade que lhe disse imperativamente, depois de ouvir-lhe o plano:

- A lei e a bondade nem sempre podem estar juntas. Organize uma casa e autorizaremos a providência.

- Mas, doutor, não dispomos de recursos… – considerou o benfeitor dos meninos desprotegidos.

- Que fazer?

- De qualquer modo, cabe-nos amparar os pequenos analfabetos.

O prefeito reparou-lhe demoradamente a figura humilde, fez um riso escarninho e acrescentou:

- O senhor não pode intervir na administração.

O professor, muito triste, retirou-se e passou a tarde e a noite daquele sábado, pensando, pensando…

Domingo, muito cedo, saiu a passear, sob as grandes árvores, na direção de antigo mercado.

Ia comentando, na oração silenciosa:

- Meu Deus, como agir? Não receberemos um pouso para as criancinhas, Senhor?

Absorvido na meditação atingiu o mercado e entrou.

O movimento era enorme.

Muitas compras. Muita gente.

Certa senhora, de apresentação distinta, aproximou-se dele e tomando-o por servidor vulgar, de mãos desocupadas e cabeça vazia, exclamou:

- Meu velho, venha cá.

O professor acompanhou-a, sem vacilar.

A frente dum saco enorme, em que se amontoavam mais de trinta quilos de verdura, a matrona recomendou:

- Traga-me esta encomenda.

Colocou ele o fardo às costas e seguiu-a.

Caminharam seguramente uns quinhentos metros e penetraram elegante vivenda, onde a senhora voltou a solicitar:

- Tenho visitas hoje. Poderá ajudar-me no serviço geral?

- Perfeitamente – respondeu o interpelado- dê suas ordens.

Ela indicou pequeno pátio e determinou-lhe a preparação de meio metro de lenha para o fogão.

Empunhando o machado, o educador, com esforço, rachou algumas toras. Findo o serviço, foi chamado para retificar a chaminé. Consertou-a com sacrifício da própria roupa. Sujo de pó escuro, da cabeça aos pés, recebeu ordem de buscar um peru assado, a distância de dois quilômetros. Pôs-se a caminho, trazendo o grande prato em pouco tempo. Logo após, atirou-se à limpeza de extenso recinto em que se efetuaria lauto almoço.

Nas primeiras horas da tarde, sete pessoas davam entrada no fidalgo domicílio. Entre elas, relacionava-se o prefeito que anotou a presença do visitante da véspera, apresentado ao seu gabinete por autoridades respeitáveis. Reservadamente, indagou da irmã, que era dona da casa, quanto ao novo conhecimento, conversando ambos em surdina.

Ao fim do dia, a matrona distinta e autoritária, com visível desapontamento, veio ao servo improvisado e pediu o preço dos trabalhos.

- Não pense nisto – respondeu com sinceridade -, tive muito prazer em ser-lhe útil.

No dia imediato, contudo, a dama da véspera procurou-o, na casa modesta em que se hospedava e, depois de rogar-lhe desculpas, anunciou-lhe a concessão de amplo edifício, destinado à escola que pretendia estabelecer. As crianças usariam o patrimônio à vontade e o prefeito autorizaria a providência com satisfação.

Deixando transparecer nos olhos úmidos a alegria e o reconhecimento que lhe reinavam nalma, o professor agradeceu e beijou-lhe as mãos, respeitoso.

A bondade dele vencera os impedimentos legais.

O exemplo é mais vigoroso que a argumentação.

A gentileza está revestida, em toda parte, de glorioso poder.



livro “Alvorada Cristã”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Neio Lúcio. FEB

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Presentes Sem Preço



Quando recebemos um convite para um aniversário, um casamento, a primeira preocupação, quase sempre, é: Como presentearei? O que oferecerei como presente?

E ficamos a cogitar o que será mais adequado, mais bonito, mais precioso, mais agradável.

 Assim, consultamos catálogos, sites, visitamos lojas, verificamos preços. Afinal, o presente deve ser muito bom, mas deve caber no nosso orçamento.

 Será que a pessoa apreciará o que escolhemos? Estará do seu gosto?

 É sempre um grande dilema. Uma coisa é certa: não importa o tipo, o tamanho, a qualidade do presente. O mais importante é a intenção de quem dá e a gratidão de quem recebe.

 Assim aconteceu com Rita. Ela estava envolvida nos preparativos do casamento da filha. Eram tantas providências: o salão para a festa, a decoração, os músicos, o cerimonial, o bolo, as bebidas...

 Dois dias antes do casamento, ela estava revendo detalhes no salão onde seriam recepcionados os convidados, quando viu um senhor espreitando à porta.

 Ela o cumprimentou e logo percebeu que era um solitário desejando conversar. Ele contou que, em criança, sofrera um acidente, batera com a cabeça e por isso, passara sua vida num asilo.

Encontrava-se, por um período, em casa de um irmão e estava passeando antes do jantar. Quis saber o que é que iria acontecer no salão e, ante a notícia do casamento, perguntou se poderia vir dar uma espiada na festa.
Rita o convidou para a recepção.
Chegou o grande dia. No salão, a cerimônia, a música, o corte do bolo da noiva, risos, danças.
Então, alguém veio dizer a Rita que um cavalheiro estava na entrada e desejava lhe falar.
Era o homem solitário. Estava impecavelmente arrumado, mas tímido. Não desejou entrar. Rita foi buscar um pedaço do bolo da noiva e lho entregou.
Ele ficou comovido e lhe deu um presente: É para a noiva, disse com orgulho.
Tratava-se de um pacote pequeno, mal embrulhado com papel pardo, atado com um barbante.
Ele se foi e Rita colocou o presente junto a outros tantos.
Após a recepção, já em casa, ela principiou a anotar, com detalhes, cada um dos presentes e quem o tinha oferecido.
Quando chegou no pequeno embrulho, o abriu. Era uma pequena leiteira branca, de louça, dessas bem simples, que se usam em hospitais e em asilos.
Então Rita chorou. Chorou pela felicidade da sua filha e pela solidão daquele homem, que passara a maior parte da sua vida numa casa para doentes mentais.
Chorou pelo gesto de amor daquele estranho. E, na lista, escreveu: Uma leiterinha – Sr. Fulano, Asilo Tal.
 Mais tarde, quando sua filha arrumou a casa, dispôs os presentes, colocou a leiterinha em destaque, no meio de outras lindas peças de prata.
Ela se comovera com a dádiva daquele homem. Era um presente especial, de um mundo solitário para um outro de esperança.

 Um testemunho de amor de uma vida para outra.



* * *



Feliz é quem sabe ser grato ao que recebe, com a certeza de que a alma que o escolheu, comprou, embrulhou e lhe ofereceu, impregnou aquele objeto com toda sua afeição.



Por isso, todo presente é sempre muito especial. Ele é mensageiro do afeto de alguém. Muito próximo de nós ou simples conhecido, esse alguém despendeu seus pensamentos, seu tempo para nos agraciar com um mimo.



Pensemos nisso.



terça-feira, 19 de abril de 2011

A Mulher Perfeita



Nasrudin conversava com um amigo, que lhe perguntou:
- Então, mullah, nunca pensaste em casamento?
- Já pensei. Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, cheguei a Damasco, e conheci uma mulher espiritualizada e linda; mas ela não sabia nada das coisas do mundo. Continuei a viagem, e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era uma moça bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.
- E por que não casaste com ela?
- Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.


Asas do Espírito



Da mesma forma como o deserto necessita de chuva, da mesma forma como uma criança necessita de um nome, da mesma forma como as rosas necessitam de água, o espírito humano necessita de cuidado e atenção.
Esta existência terrena é a infância da Eternidade.
Esta existência terrena, tal como a infância, é um período de deleite, e também de aprendizado.
Somos aprendizes neste mundo inferior, e a nossa lição pode ser resumida em três palavras: Purificar o coração.
O que é efêmero, e o que é Real?
Que coisas têm verdadeiro valor?
Sons e cores do mundo distraem os sentidos, e muitas vezes ofuscam aquilo que é Essencial.
Essencial é a ascendência, essencial é o aprimoramento interior.
Essencial é examinarmos o nosso coração, todas as noites, para verificar se tivemos lucros ou perdas no nosso capital espiritual.
Essencial é lembrarmos que a nossa passagem por aqui é finita, e que em breve seremos chamados a partir.
O nosso corpo físico assemelha-se a uma gaiola, e a nossa alma, a uma ave.
Chega o dia em que a Mãe Amorosa abre a porta da gaiola e diz para a ave do espírito:
"É chegada a tua hora, Voa..."
Conseguirá ela voar?
O que fará nesta hora a alma, recém-liberta da gaiola do corpo, no dia em que a gaiola do nosso corpo fenecer, estaremos aptos a voar com as asas do nosso espírito?
Devemos aproveitar os nossos dias, enquanto habtantes deste mundo inferior, para fortalecermos as asas do espírito, de modo que possamos, na hora da morte, alçar vôo rumo aos Reinos Eternos, rumo às Cidades Imortais.
As asas do espírito constituem-se das virtudes que cultivamos.
"...Vive, pois, os dias de tua vida, os quais são menos de um momento fugaz, mantendo sem mancha a tua mente, imaculado teu coração, puros teus pensamentos e santificada tua natureza, de modo que, livre e contente, possas abandonar essa forma mortal, recolher-te ao paraíso místico e habitar, para todo o sempre, no reino eterno."
Bahá’u’lláh

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Força do Pensamento

Desenho de Giz

Oração de São Francisco de Assis



Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

Onde houver discórdia, que eu leve a união.

Onde houver dúvida, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, Fazei que eu procure mais Consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois, é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Escolhas Precipitadas


Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia?
 Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele.”
 (João, 11:9 e 10.)


Aguardemos a hora apropriada. Se não temos certeza de que este é o momento exato de agir, se não visualizamos com clareza o início da estrada a ser percorrida, se não possuímos firmeza na decisão a ser tomada e se não desponta uma conclusão resoluta, esperemos um tanto mais;
 o “momento de atuação” ainda não é propício.
Algumas vezes ficamos amedrontados e agimos apressadamente, movidos pela ansiedade. Outras vezes, procedemos de modo impetuoso, buscando desforra ou querendo castigar alguém.
Em muitas circunstâncias, decidimos depressa demais em função de impor aos outros uma decisão rápida, ou de forçá-los a resolver velhos conflitos. Em outras ocasiões, entramos em desespero pelo medo de não chegar a tempo de resolver o problema ou de deixar de usufruir benefícios e privilégios.
Nem sempre as coisas estão à nossa disposição. Não temos sob controle o “tempo de duração” daquilo que já conquistamos. A propósito, como a mudança está implícita no processo da evolução humana, é preciso aceitar a face mutante de tudo o que existe na vida física.
Dar “tempo ao tempo” não é tempo perdido.
Uma atitude antes da ocasião certa pode ser tão inapropriada quanto aquela tomada tarde demais.
Às vezes, em poucas horas ou dias tudo poderia ser resolvido corretamente.
Nesse novo modo de entender, nessa nova forma de viver, compreendemos claramente que existe uma Determinação Divina – onipresente e onipotente – que nos guia sem que precisemos nos mover de modo desesperado e sem que busquemos as respostas numa atmosfera de impaciência.
Neste trecho do evangelho de João, recebemos importante recomendação reflexiva do Mestre para que analisemos a temporalidade das coisas e a dimensão transcendental do tempo.
“Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele.”
As “doze horas do dia” representam o período em que o sol permanece visível.
 No entanto, o Mestre não nos convida apenas a andar durante o dia claro para que não tropecemos no escuro, mas nos recomenda, antes de tudo, “fazer sol” interior quando diz
 “tropeça, porque a luz não está nele”.
Quem acende a luz interior confia, espera e se despreocupa de fazer ou de obter com precipitação e urgência. A propósito, esperar é uma atitude corajosa, benéfica, vantajosa e de fé na Ordem Sagrada.
Há em nós uma orientação divina, um rumo certo que, se ouvidos humildemente, nos levam a tomar a atitude correta no momento exato.
Pode ser que, no momento, estejamos apartados do nosso senso de direção, entretanto é preciso lembrar que o tempo que passamos atordoados e vacilantes diante das decisões é diretamente proporcional ao tempo gasto para intensificar o vínculo espiritual que nos revela a aptidão inata de considerar um ato, avaliar uma situação existencial, julgar uma intenção, apreciar um procedimento próprio ou de outrem.

Quando não mais andarmos tropeçando na noite escura da alma, quando não mais fizermos escolhas precipitadas, é porque já caminhamos na claridade do sol, nas “doze horas do dia”
 – já compreendemos a função transcendente dos mecanismos divinos que envolvem a arte de esperar e de agir na hora certa.

sábado, 16 de abril de 2011

Não Pise Nas Fllôres do Campo





Um dia Maria caminhava com uma amiga para ir pegar a água preciosa no poço.
Quando Ela viu, na beira da estrada, muitas florezinhas silvestres – porque as flores, elas são insistentes, representam a beleza de Deus e são capazes, mesmo no deserto, de teimar em florir, aqui e ali-essa companheira foi na direção dessas poucas florezinhas rasteiras,
Maria disse para ele:
-Não pise as flores do chão! Elas são nosso Pai a embelezar nossas vidas e resplandecer nos nossos olhos a grandeza que só Ele sabe doar. Essas florezinhas, se forem pisadas pelos nossos pés, não darão o néctar precioso para as abelhinhas,
não será o alimento para o colibri... Não pise as flores do chão.
-Maria, em tudo você vê Deus. Em tudo o que você faz, você sempre vê Deus. Essas flores para mim são apenas flores, mas para você, elas representam uma vida tão extensa, tão fértil ... Eu não vou pisá-las.
Ao afastar-se do local, naquele instante, uma serpente fugiu de entre as flores e atravessou o caminho. A mulher, a jovem mulher, deu um grito de susto:
-Maria, você, me ensinando não pisar as flores, me salvou a vida!
Maria disse:
-Não, minha amiga, quem te salvou a vida foi Deus. Mas, lembre-se de que, assim como as abelhas buscam  o néctar precioso e os colibris, nos pistilos das flores, o seu alimento, também os répteis se escondem na sombra do chão. Aprenda a olhar o céu sem descuidar-se da Terra. Olhe aonde seus pés pisam e procure conservar a vida, porque assim você estará conservando a sua própria vida.
E foram buscar a água abençoada. A mulher, insistentemente, olhava para Maria e Maria, olhando para o céu, dizia:
-Obrigada, Senhor! Porque em tudo o que nos cerca existe a sua imensa lição de amor. Obrigada, Senhor, pela vida, obrigada pelas lições que o chão nos ensina, que o céu possa nos aprovar.
Acabou a pequena história. Essa mulher nunca mais, certamente, deve ter pisado as flores do chão. Mas, certamente, deve ter tido muito cuidado com os matos rasteiros que estão às margens do nosso caminho.
Aqueles que estão no nosso caminho são, efetivamente, os companheiros de jornada. Aqueles que estão à margem do nosso caminho são, ás vezes, colaboradores, ou meros espectadores. Mas, quem disse que não podemos ajudar a todos eles nesse processo de serem espectadores? Por que não podemos ajudá-los a ter uma vida mais intensa, mais bela e mais produtiva?
Quanto à nós, sigamos com as lições que Maria nos oferece, na singeleza do seu ser. Não pisemos as flores do campo, porque em todas elas resplandece Deus.
 Bezerra de Menezes

Lições do Silêncio




Lições do Silêncio

- Que você vai fazer em Uberaba, se o Chico está quase sem voz nestes dias, indagou-me um amigo
- Vou aprender alguma coisa com o silêncio dele. Não é só com palavras que o Chico nos ensina. Cada atitude dele também é um ensinamento.
(do livro Momentos com Chico Xavier, de Adelina da Silveira)







Uma Lição de Vida



Estávamos na residência do Chico Xavier.

Seu estado de saúde não lhe permitia deslocar-se até o centro. A multidão se comprimia lá na rua em frente. Quando o portão se abriu, a fila de pessoas tinha alguns quarteirões.

Foram passando uma a uma em frente ao Chico. Pessoas de todas as idades, de todas as condições sociais e dos mais distantes lugares do país. Algumas diziam:

- Eu só queria tocá-lo…

- Meu maior sonho era conhecê-lo…

- Só queria ouvir sua voz e apertar sua mão…

Uns queriam notícias de familiares desencarnados, espantar uma idéia de suicídio.
Outros nada diziam nada pediam, só conseguiam chorar.

Com uma simples palavra do Chico, seus semblantes se transfiguravam, saíam sorridentes.

Ao ver as pessoas ansiosas para tocá-lo, a interminável fila, a maneira como ele atendia a todos, fiquei pensando:

“Meu Deus, a aura do Chico é tão boa… seu magnetismo é tão grande, que parece que pulveriza nossas dores e ameniza nossas ansiedades”.

De repente, ele se volta para mim e diz:

- Comove-me a bondade de nossa gente em vir visitar-me. Não tenho mais nada para dar. Estou quase morto. Por que você acha que eles vêm?

Perguntou-me e ficou esperando a resposta.
Aí, pensei:

- Meu Deus, frente a um homem desses, a gente não pode mentir e nem dizer qualquer coisa que possa vir ofender a sua humildade (embora ele sempre diga que nunca se considerou humilde).

Comecei então a pensar que quando Jesus este conosco, onde quer que aparecesse, a multidão o cercava. Eram pessoas de todas as idades, de todas as classes sociais e dos mais distantes lugares.

Muitos iam esperá-lo nas estradas, nas aldeias ou nas casas onde Ele se hospedava. Onde quer que aparecesse, uma multidão o cercava. Tanto que Pedro lhe disse certa vez:

- “Bem vês que a multidão te comprime”.

Zaqueu chegou a subir numa árvore somente para vê-lo. Ver, tocar, ouvir, era só o que queriam as pessoas.

Tudo isso passou pela minha cabeça com a rapidez de um relâmpago. E como ele continuava olhando para mim, esperando a resposta, animei-me a dizer:

- Chico, acho que eles estão com saudades de Jesus.

Palavras tiradas do fundo do coração, penso que elas não ofenderam sua modéstia.

A multidão continuou desfilando. Todos lhe beijavam a mão e ele beijava a mão de todos.

Lá pelas tantas da noite, quando a fila havia diminuído sensivelmente, percebi que seus lábios estavam sangrando. Ele havia beijado a mão de centenas de pessoas. Fiquei com tanta pena daquele homem, nos seus oitenta e oito anos, mais de setenta dedicados ao atendimento de pessoas, que me atrevi a lhe perguntar:

- Por que você beija a mão deles?

A humildade de sua resposta continuará emocionando-me sempre:

- Porque não posso me curvar para beijar-lhes os pés.

Fonte: texto extraído do livro
“Momentos com Chico Xavier”, de Adelino da Silveira. Editora Céu.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A Rosa





Rosas que desabrochais,
Como os primeiros amores,
Aos suaves resplendores
Matinais;

Em vão ostentais, em vão,
A vossa graça suprema;
De pouco vale; é o diadema
Da ilusão.

Em vão encheis de aroma o ar da tarde;
Em vão abris o seio úmido e fresco
Do sol nascente aos beijos amorosos;
Em vão ornais a fronte à meiga virgem;
Em vão, como penhor de puro afeto,
Como um elo das almas,
Passais do seio amante ao seio amante;
Lá bate a hora infausta
Em que é força morrer; as folhas lindas
Perdem o viço da manhã primeira,
As graças e o perfume.
Rosas que sois então? – Restos perdidos,
Folhas mortas que o tempo esquece, e espalha
Brisa do inverno ou mão indiferente.

Tal é o vosso destino,
Ó filhas da natureza;
Em que vos pese à beleza,
Pereceis;
Mas, não... Se a mão de um poeta
Vos cultiva agora, ó rosas,
Mais vivas, mais jubilosas,
Floresceis.

Machado de Assis, in 'Crisálidas'


Sentimentos



“ Somos donos de nossos atos,
mas não donos de nossos sentimentos;
Somos culpados pelo que fazemos,
mas não somos culpados pelo que sentimos;
Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer sentimentos...
Atos são pássaros engaiolados,
 sentimentos são pássaros em vôo. . .”

( Mario Quintana )

Borboletas



Aprender a voar com as borboletas.
E criar asas e se descobrir.
Se descobrir linda assim como elas.
E viver livre como elas.
É isso.
Saber viver como as borboletas.




Viva


Alargue seu coração de esperãnças
mas, não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-as.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Fernando Pessoa
Eliecy Costa

Não Importa



Aprenda que não importa em
quantos...pedaços seu coração foi partido,
o mundo não pára para que você o
conserte.Aprende que o tempo não é ..algo que possa voltar.
Portanto, plante seu
jardim e decorre sua alma,
em vez de esperar que alguém lhe traga flores.

"(Shakespeare )

Os ´Pássaros

Mais sábios que os homens são os pássaros.
Enfrentam grandes tempestades noturnas, tombam de seus ninhos,sofrem perdas,
dilaceram suas histórias. Pela manhã, têm todos os motivos para se entristecer e reclamar,
mas cantam agradecendo a Deus por mais um dia.
É nos portadores de nobres inteligências,
o que fazemos com nossas perdas?....
 Eliecy Costa

Lenda da Orquídea



Como as flores, a orquídea tem uma lenda. Eis a encantadora história, como é contada nas terras da Indochina.


Na cidade de Anam, existia uma jovem chamada Hoan-Lan, que divertia-se em fazer penar suas paixões aos seus numerosos adoradores.


Por um sorriso, o jovem Kien-Fu tinha cinzelado o ouro mais fino e trabalhado com infinita paciência as mais lindas peças de jade.


A ingrata, após se adornar com todos os presentes do nobre apaixonado, riu-se dele e o desprezou.


Kien-Fu, desesperado, acabou com a própria vida atirando-se ao Rio Vermelho.
O pintor Nguyen-Ba conseguiu obter cores desconhecidas para pintar o retrato de sua amada.


Esta, porém, depois de ter exibido para a satisfação de sua vaidade a magnífica pintura,


desprezou o artista, que desapareceu para sempre no mistério das selvas.


Mai-Da, apaixonado também, quis patentear seu amor à jovem volúvel, inventando um perfume delicioso somente digno dos anjos.


A ingrata perfumou-se e mandou pôr na rua o seu adorador que, nada mais aspirando na vida, se envenenou.
Cung-Le levou sua perseverança a incrustar nácar numa pulseira de ébano que foi recebida pela ingrata.


O pobre endoideceu.
Mas o poderoso Deus das Cinco Flechas, que a tudo via e tudo ordenava, julgou que era o momento de castigar tanta maldade,


fazendo a jovem volúvel apaixonar-se pelo formoso Mun-Cay.


E desde então, Hoan-Lan sonhava no seu leito de nácar e sedas bordadas com seu adorado,


cujo nome esvoaçava sobre seus lábios de carmim, como uma borboleta sobre a rosa.


Ao despertar, descia à piscina, banhava-se e adornava-se com suas jóias mais preciosas para ver passar seu querido Mun-Cay,


que apenas se dignava a levantar os olhos para ela.


Nunca tinha considerado a formosa jovem nem se interessado pela fama de beleza que tinha ardido à sua volta.
Os dias iam passando e Mun-Cay não saía de sua indiferença cruel.


Um dia, Hoan-Lan decidiu sair-lhe ao encontro e declarar-lhe paixão.


Não me interessas, rapariga ! - disse ele. - És como todas as outras. Para mim não vales nada.


Se fosses como aquela que eu amo... Esta sim, é uma deusa. Tu, mísera Hoan-Lan, com toda tua vaidade,


não serves nem para atar-lhe as fitas das sandálias. E, com um sorriso desdenhoso, afastou-se.
Em meio de seu desespero, Hoan-Lan lembrou-se do Deus Todo Poderoso que vivia na montanha de Tan-Vien.


Talvez ele pudesse lhe valer. Apesar da noite escura e chuvosa,


a jovem dirigiu-se ao monte sagrado, onde residia sua última esperança.


A entrada do templo subterrâneo era guardada por um terrível dragão.


Suplicou-lhe a concessão de entrada e ao cabo de muitos pedidos conseguiu penetrar num extenso corredor,


por entre serpentes horríveis que lhe babujavam os pés nus.
Quando chegou junto ao trono de ônix do poderoso gênio, prostrou-se e implorou:
- Cura-me, que sofro horrorosamente. Amo Mun-Cay que me despreza.
- É justo o castigo - respondeu o deus - Porque isso mesmo tens feito aos teus apaixonados.
- Ó Todo Poderoso, tem dó de mim. Concede-me o amor de meu querido Mun-Cay.


Sabes bem que não posso viver sem ele.
- Vai-te daqui - rugiu o gênio - Nada conseguirás. O castigo que pesa sobre ti,


foi imposto pelo Deus das Cinco Flechas, que tudo sabe.


É justo que sofras. Saia do meu templo.
Á saída, Hoan-Lan encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra.
- Formosa jovem - disse-lhe a bruxa - sei que és muito desgraçada. Queres vingar-se de Mun-Cay?


Vende-me a tua alma e juro-te que, embora Mun-Cay não te ame, não amará a outra mulher.
Hoan-Lan, voltou à sua casa, que lhe parecia um cárcere. Saía para os bosques a distrair sua pena,


mas sempre em vão. Um dia, vendo ao longe seu adorado Mun-Cay, correu para ele e, quando se preparava para abraçá-lo, o jovem foi transformado numa árvore de ébano.
Neste momento apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, lhe disse:
- Desta maneira o teu amado não pode ser nunca de outra mulher.
- Bruxa infame, exclamou chorando, a pobre Hoan-Lan - o que fizeste a meu adorado ? Devolva-me ou mate-me.
- Contratos são contratos - replicou a bruxa, rindo satanicamente. Cumpri o que prometi.


Mun-Cay, embora nunca te ame, não amará a outra mulher. Prometi e cumpri. A tua alma me pertence.
Hoan-Lan, abraçada ao pé da árvore, clamava desesperadamente a seu tronco imóvel.
- Perdoa-me, Mun-Cay. Tem para mim uma só palavra de amor, de indulgência e compaixão.


Não vês como me arrasto aos seus pés, como te abraço, como sofro!
Mas a árvore nada respondia. A jovem ali ficou por muito tempo.


Uma manhã passou por ali um gênio que se compadeceu da sua dor. Acercando-se dela, pôs-lhe um dedo na testa e disse:
- Mulher, procedeste muito mal. Foste volúvel até a crueldade e ingrata até a malvadez.
Procedeste muito mal. Mas tua dor purificou a tua alma. Estás perdoada e vais deixar de sofrer.


Antes que a bruxa venha buscar a tua alma, vou transformar-te numa flor.


Ficarás sendo, no entanto, uma flor esquisita e requintada, que dê a impressão do que foi a tua vida maldosa.


Quem vir as tuas pétalas facilmente adivinhará o que foi o teu espírito, caprichoso, volúvel, cruel,


e a tua preocupação constante pela elegância. Concedo-te um bem:


não te separarás do bem que adoras e viverás da sua seiva, sempre parasita do teu amado.
Assim falou o poderoso gênio. E, quando falava, a túnica rósea de Hoan-Lan ia empalidecendo e tornando-se de uma delicada cor lilás.


Os olhos da jovem brilharam como pontos de ouro e as suas carnes tomaram a tonalidade do nácar.


Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore na derradeira súplica.
E assim apareceu a primeira orquídea do mundo, segundo a lenda do Anam.
Eliecy Costa

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Encanto



Eliecy Costa

As 4 Leis da Espiritualidade


                      
  1ª  Lei -
“A pessoa  que  vem  é  a  pessoa  certa”.
Significa que ninguém está em nossa vida por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor estão interagindo conosco.  Há sempre algo que nos faz aprender  e avançar em cada situação.
   
 
2ª  Lei -
         
  “Aconteceu  a  única  coisa  que  poderia  ter  acontecido”.
Nada, nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe.  Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa..., aconteceu que um outro...”.  O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos alguma lição e seguirmos em frente.  Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

3ª  Lei -   
“Toda vez que você iniciar algo, é o momento certo”.
 
Tudo começa na hora certa: nem antes, nem depois.  Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é o momento em que as coisas acontecen.


4ª  Lei –
        
    
  “Quando algo termina, realmente acaba”.Simplesmente assim.  Se algo acabou em nossas vidas foi para a nossa evolução, por isso, é melhor seguirmos em frente e nos enriquecermos com cada experiência.

“Se um dia você tiver que escolher entre o mundo e o amor, lembre-se:  Se escolher o mundo ficará sem amor, mas se você escolher o amor, com ele conquistará o mundo”.
            Albert  Einstein
            Eliecy Costa 

Livre Escolha

Obstrato


Eliecy Costa

Gosto da Vitória



Eleve suas expectativas, sonhe alto, voe!
Pessoas com grandes sonhos obtêm energia para crescer.
Os vencedores pensam em como alcançar seus objetivos,
realizar seus sonhos e fazem acontecer;
depois desfrutam do gosto da vitória.
Eliecy Costa

É mais gratificante




Paul ganhou de seu irmão, como presente de Natal, um automóvel novo.

No dia de Natal, quando Paul saiu de casa, percebeu que um moleque de rua estava andando em volta de seu brilhante carro zero, admirando-o.

Este carro é seu? Perguntou o menino.

Paul confirmou com a cabeça. Meu irmão me deu de presente no Natal.

O garoto estava maravilhado. Quer dizer que seu irmão deu a você e você não gastou nada? Cara, eu queria...

Paul julgou saber como o garoto completaria a frase. Por certo iria dizer que queria um irmão como o dele.

Mas o que o moleque disse deixou Paul perplexo.

Eu queria, continuou o garoto, poder ser um irmão assim.

Paul olhou para o garoto surpreso e, impulsivamente, lhe perguntou: Você gostaria de dar uma volta no meu automóvel?

Sim, eu adoraria.

Depois de uma voltinha, o menino virou-se e, com os olhos resplandecentes disse: Você se importa de passar em frente à minha casa?

Paul sorriu consigo mesmo, pensando que sabia exatamente o que o moleque queria. Certamente desejava mostrar aos vizinhos que podia voltar para casa num carrão.

Mas Paul se enganara outra vez.

Você dá uma paradinha ali onde estão aqueles dois degraus? Pediu o menino.

O garoto saiu do carro e subiu os degraus correndo. Logo, Paul o viu voltando. Mas não estava mais andando rápido, estava carregando seu irmãozinho paralítico.

Fê-lo sentar no degrau de baixo e, abraçando-o com força, mostrou o carro.

Lá está Buddy, exatamente como eu contei lá em cima! O irmão deu o carro a ele de presente de Natal e isso não lhe custou nem um centavo.

Algum dia eu vou dar a você um como este... Daí, você vai poder ver, por você mesmo, as coisas bonitas. As vitrinas enfeitadas no Natal, as ruas e árvores iluminadas, as belezas enfim, sobre as quais eu tenho tentado contar a você.

Paul saiu do carro, pegou o garotinho no colo e o colocou no banco da frente, a seu lado.

O irmão mais velho, com olhos brilhantes, sentou-se ao lado dele e os três começaram um inesquecível passeio de Natal.

Naquele momento, Paul compreendeu que é mais gratificante dar...]

Uma história, uma lição...

Nesses tempos de tanto egoísmo, de individualismo e indiferença para com o sofrimento alheio, vale a pena refletirmos um pouco sobre esses pequenos gestos, que tanto engrandecem o homem.

Nesses tempos em que as criaturas estão ávidas por ter, e ter cada vez mais, vale pensarmos em conjugar o verbo ser.

Ser atencioso, ser caridoso, ser afetuoso, enfim, romper a concha do egoísmo e descobrir na doação aos semelhantes, a alegria de viver.

Pense nisso!

Diz um sábio provérbio chinês:

Se há luz na alma, haverá beleza na pessoa.

Se há beleza na pessoa, haverá harmonia no lar.

Se há harmonia no lar, haverá ordem na nação.

Se há ordem na nação, haverá paz no mundo.

Pensemos nisso!
Eliecy Costa

Todos os Dias


Todos os dias, pela manhã,
 faça um contato com Deus antes de qualquer outra atividade.
 Esse contato, essa oração, fará com que adquira força
 e inspiração para as atividades do dia.
 A cada dia retornamos como nosso corpo às atitudes
 da vida graças à vontade daquele que nos criou.
 Por mais importante que julguemos nossas ocupações e compromissos,
 nada é tão importante que não possa esperar um momento de comunhão com Deus.
 Nada, mas nada mesmo,
 deve ser mais importante do que deus em nossas vidas.

Eliecy Costa

20 filmes Espirituais

 O Pássaro Azul - Filme Completo - (Vídeo)

 Em Nome de Deus - Filme Completo - (Vídeo)

O Último Espírito - Filme Completo - (Vídeo)
 Chico Xavier - Brilha Uma Luz no Horizonte - (Vídeo)
Ressurreição - RARIDADE! - INÉDITO! - (Filme)
 Perda de Pessoas Amadas - Palestra de Nazareno Feitosa - (Vídeo)
 Bezerra de Menezes: O Apóstolo da Caridade - Palestra Nazareno Feitosa -
Jacob Melo - Passe: O Magnetismo Espírita - Teoria e Prática - (Vídeo)
 Frederico Menezes - A Transição do Planeta Após 150 Anos - (Vídeo)
 Reencarnação - A Lógica Reencarnacionista - (Vídeo)
 Os Espíritos e os Efeitos Físicos - (Vídeo)
A Influência Espiritual - (Vídeo)
 A Atitude Mental - (Vídeo)
 Perturbação Espiritual - (Vídeo)
 Sobre a Morte e o Morrer - (Vídeo)
 Quando os Anjos Falam - (Filme Completo) - IMPERDÍVEL!!!
 A Corrente do Bem - (Filme Completo)
 Dr. Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito - (Filme Completo)
 Chico Xavier - 1977 - 50 Anos de Mediunidade - (Vídeo)
Divaldo P. Franco - Evangelho e Vida - O Poder da Oração - (Vídeo)
Eliecy Costa

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A Cadeira



A filha de um homem pediu a um sacerdote que fosse à sua casa rezar uma oração para o seu pai, que estava muito doente.

Quando o sacerdote chegou à residência, encontrou este pobre homem na sua cama com a cabeça levantada por um par de almofadas.

Havia uma cadeira ao lado da cama, pelo que o sacerdote pensou que
o homem sabia que viria vê-lo.
- Suponho que estava à minha espera? – disse-lhe.

- Não. Quem é o senhor? – perguntou o homem enfermo.

- Sou o sacerdote que a sua filha chamou para que rezasse com o senhor.
 Quando entrei e reparei na cadeira vazia ao lado da sua cama, supus que o senhor sabia que eu viria visitá-lo.

- Ah sim, a Cadeira. Importa-se de fechar a porta? – perguntou o homem doente.

O sacerdote, surpreendido, fechou a porta.

O homem enfermo disse-lhe:

- Nunca disse isto a ninguém, mas passei toda a minha vida sem saber como orar. Quando estava na Igreja, escutava sempre, a propósito da oração, como se deve orar e os benefícios que traz... mas sempre… isto das orações… não sei…! Entra-me por um ouvido e sai-me pelo outro. De qualquer forma, não faço ideia de como a fazer.


Então… Faz muito tempo que abandonei por completo a oração. Isto foi assim até há uns quatro anos, quando, conversando com o meu melhor amigo, ele me disse:

“José, isto da oração é simplesmente ter uma conversa com Jesus; sugiro-te, pois, que faças assim… Sentas-te numa cadeira e colocas outra cadeira vazia em frente da tua; depois, com fé, olhas para Jesus sentado diante de ti. Não é algo aloucado fazê-lo, pois ele disse-nos: “Eu estarei sempre convosco”. Portanto, falas-Lhe e escuta-Lo, da mesma maneira como estás agora a fazer comigo.”

Foi assim que fiz uma vez e agradou-me, pelo que continuei a fazê-lo umas duas horas diárias desde então.


Tenho sempre muito cuidado, não vá a minha filha ver-me… Pois internar-me-ia imediatamente num manicômio.

O sacerdote sentiu uma grande emoção ao escutar isto e disse a José que era algo muito bom o que estava a fazer, e que nunca deixasse de o fazer.

Rezou imediatamente uma oração com ele. Deu-lhe a bênção e foi para a sua paróquia.

Dois dias depois, a filha de José chamou o sacerdote para lhe dizer que o seu pai tinha falecido.

O sacerdote perguntou-lhe:

- Faleceu em paz?

- Sim, quando saí de casa, por volta das duas da tarde, chamou-me e fui vê-lo na sua cama. Disse que me queria muito e deu-me um beijo. Quando regressei de fazer umas compras, uma hora mais tarde, já o encontrei morto.

Mas há algo de estranho na sua morte, pois, aparentemente, justamente antes de morrer, aproximou-se da cadeira que estava ao lado da sua cama e reclinou a cabeça sobre ela; foi assim que o encontrei.

Que pensa o senhor que isto possa significar?
O sacerdote, profundamente comovido, enxugou as lágrimas da emoção e respondeu-lhe:


- Oxalá que todos nós pudéssemos ir dessa maneira.

Eliecy Costa

terça-feira, 5 de abril de 2011

FADO - História de um Povo





Este belo e encantador espetáculo,fiquei deslumbrada.


Este era um sonho desde há muito acalentado pela Estoril-Sol: consagrar, na atmosfera do prestígio internacional do Salão Preto e Prata do Casino Estoril, o génio criador de Filipe La Féria num arrebatador espectáculo musical por ele especialmente concebido e fadado a um inolvidável êxito.


Chama-se “Fado - História de um Povo” e o título não diz tudo: porque a imaginação de Filipe La Féria foi mais longe do que a mera reconstituição das raízes do Fado, qual semente germinada na alma de um Povo ao longo dos séculos da sua História.

O espectáculo corporiza, é certo, essa viagem às origens, esse regresso ao presente, essa antecipação às tendências, tão magistralmente retratadas na sua dedicatória final ao “renascer” do espírito de Amália, vertido, também, no vanguardismo conceptual do “Novo Fado”. Mas não é, apenas, nessa simbiose de cantos antiquíssimos, de lendas reencontradas, de episódios de uma régia corte auto exilada no Brasil, de temas que ressoam na nossa memória e habitam o nosso quotidiano, que reside o único segredo inspirador de “Fado – História de um Povo”. O seu segredo maior reside no estranho sortilégio de um musical que o espectador vê a cantar e, depois, leva para casa, como se fora sua pertença, como se fora o reencontro com a alma de um povo, na sua estranha forma de vida, no seu singular destino de se sentir e se exprimir através do fado.

E há, depois, esse impressionante elenco de fadistas, actores, músicos, bailarinos, acrobatas que dão corpo à criatividade do guião de “Fado – História de um Povo”. São nomes grandes do espectáculo nacional, tais como Alexandra, a genial intérprete de Amália Rodrigues no musical “Amália”, de La Féria, António Pinto Basto, Gonçalo Salgueiro, além dos mais significativos intérpretes do “Novo Fado” e de surpreendentes revelações de cantores criteriosamente seleccionados em sucessivas audições divulgadas ao grande público através de um concurso da RTP. Tudo isto, envolto nesse “diáfano manto da fantasia” que é timbre de La Féria.

Uma fantasia posta ao serviço de um “espectáculo total”, em que o vanguardismo dos recursos técnicos do Salão Preto e Prata é explorado ao limite: as cenas sucedem-se em ritmo incessante, numa dinâmica que balanceia picos de euforia e recolhimentos nostálgicos, numa cadência que deixa o espectador suspenso, face ao insólito de acrobatas que sobre ele pairam, face à surpresa de artistas que o rodeiam e transformam em palco toda a plateia do Salão Preto e Prata. Falta, apenas, uma surpresa: a da inevitabilidade do êxito de “Fado – História de um Povo”, a estrear, já em Abril. Pois que o êxito, paradigma do Casino Estoril é, também, a impressão digital de tudo aquilo em que Filipe La Féria toca.


Como um segredo que é seu, mas que partilha com uma multidão de admiradores. Como um enigma que só a ele pertence e cuja chave está guardada nesse inesgotável espólio da sua genialidade criativa!

Eliecy costa