segunda-feira, 18 de abril de 2011

Escolhas Precipitadas


Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia?
 Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele.”
 (João, 11:9 e 10.)


Aguardemos a hora apropriada. Se não temos certeza de que este é o momento exato de agir, se não visualizamos com clareza o início da estrada a ser percorrida, se não possuímos firmeza na decisão a ser tomada e se não desponta uma conclusão resoluta, esperemos um tanto mais;
 o “momento de atuação” ainda não é propício.
Algumas vezes ficamos amedrontados e agimos apressadamente, movidos pela ansiedade. Outras vezes, procedemos de modo impetuoso, buscando desforra ou querendo castigar alguém.
Em muitas circunstâncias, decidimos depressa demais em função de impor aos outros uma decisão rápida, ou de forçá-los a resolver velhos conflitos. Em outras ocasiões, entramos em desespero pelo medo de não chegar a tempo de resolver o problema ou de deixar de usufruir benefícios e privilégios.
Nem sempre as coisas estão à nossa disposição. Não temos sob controle o “tempo de duração” daquilo que já conquistamos. A propósito, como a mudança está implícita no processo da evolução humana, é preciso aceitar a face mutante de tudo o que existe na vida física.
Dar “tempo ao tempo” não é tempo perdido.
Uma atitude antes da ocasião certa pode ser tão inapropriada quanto aquela tomada tarde demais.
Às vezes, em poucas horas ou dias tudo poderia ser resolvido corretamente.
Nesse novo modo de entender, nessa nova forma de viver, compreendemos claramente que existe uma Determinação Divina – onipresente e onipotente – que nos guia sem que precisemos nos mover de modo desesperado e sem que busquemos as respostas numa atmosfera de impaciência.
Neste trecho do evangelho de João, recebemos importante recomendação reflexiva do Mestre para que analisemos a temporalidade das coisas e a dimensão transcendental do tempo.
“Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele.”
As “doze horas do dia” representam o período em que o sol permanece visível.
 No entanto, o Mestre não nos convida apenas a andar durante o dia claro para que não tropecemos no escuro, mas nos recomenda, antes de tudo, “fazer sol” interior quando diz
 “tropeça, porque a luz não está nele”.
Quem acende a luz interior confia, espera e se despreocupa de fazer ou de obter com precipitação e urgência. A propósito, esperar é uma atitude corajosa, benéfica, vantajosa e de fé na Ordem Sagrada.
Há em nós uma orientação divina, um rumo certo que, se ouvidos humildemente, nos levam a tomar a atitude correta no momento exato.
Pode ser que, no momento, estejamos apartados do nosso senso de direção, entretanto é preciso lembrar que o tempo que passamos atordoados e vacilantes diante das decisões é diretamente proporcional ao tempo gasto para intensificar o vínculo espiritual que nos revela a aptidão inata de considerar um ato, avaliar uma situação existencial, julgar uma intenção, apreciar um procedimento próprio ou de outrem.

Quando não mais andarmos tropeçando na noite escura da alma, quando não mais fizermos escolhas precipitadas, é porque já caminhamos na claridade do sol, nas “doze horas do dia”
 – já compreendemos a função transcendente dos mecanismos divinos que envolvem a arte de esperar e de agir na hora certa.

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